Diário de Bordo - Jonas

 

10/08/2006 – Gamboa – CENAB - Pelourinho

Levantamos cedo e soltamos da poita rapidamente. Saímos da barra de Morro de São Paulo e fomos pegos por ondas altas que deixavam o Fandango parecendo com um liquidificador! Não demorou muito apareceu uma baleia que, infelizmente, passou direto por nós. Quando a Carol saiu, ela não estava muito bem. Acabou enjoando. Andamos à toda a velocidade e bem orçados, diminuindo o tempo de viagem para seis horas e meia! Na chegada a correnteza nos pregou uma peça: gerou vários rebojos e parecia que estávamos em cima de um banco de areia raso, mas o “eco” marcava de 20 a 30 metros de profundidade! O pai e a Carol viram uma imensa tartaruga (infelizmente eu não a vi) e, já mais perto, dois golfinhos!!! Atracamos no CENAB e almoçamos em um restaurante por quilo no Pelourinho. De volta ao barco, fiz diário, lemos (aliás, acabamos o “Velhos Marinheiros”) e dormi.

 

11/08/2006 – CENAB – Igreja do Bonfim – Ribeira - Pelourinho

Logo cedo recebemos a visita da Patrícia e da Pilar, que nós conhecemos em Ponta de Areia (Itaparica). Elas foram muito simpáticas e nos levaram para passear. Primeiro fomos na Igreja do Senhor do Bonfim, a mais famosa da Bahia. Ela é linda!!! A Patrícia e a Pilar nos mostraram ela inteira, com todos os detalhes. Depois fomos para a sorveteria Ribeira, em frente à Marina Ribeira. Tomei um delicioso sorvete de cupuaçu e conversamos muito. De volta ao CENAB nos despedimos e fomos passear. Primeiro, fomos conhecer a Bahia Marina, bem ao lado do CENAB. A marina mais parece um shopping com píeres flutuantes do que uma marina, de tantas lojas que tem! Os vestiários perdem de dez dos do CENAB e o preço (segundo o pai) é exorbitante. Conversamos com o Alexandre (ver dia 23/07/06), que está trabalhando em uma lancha lá. Ele nos mostrou (por fora) um gigantesco veleiro parecendo um barco pirata! O mostrengo tinha uns três metros só de costado! Devia ter uns cento e quinze pés e, segundo o Alexandre, as velas eram iguais às de um junco chinês! Além do mais tinha três mastros e até uma réplica de canhão (bem pequena)!!! Conversamos bastante e continuamos o passeio até o Museu de Arte Moderna, que tem uma bela exposição. À noite passeamos no Pelourinho e começamos o livro “A Revolução dos Bichos”.

 

12/08/2006 – CENAB – Farol da Barra - Pelourinho

Logo cedo pegamos um ônibus para o Farol da Barra. O farol já foi também um forte utilizado para a defesa da Baia de Todos os Santos e é lindo. Dentro dele está o Museu do Mar de Salvador, extremamente legal! Lá dentro há cartas náuticas, dezenas de instrumentos de navegação, artefatos encontrados em um naufrágio e várias maquetes de naus, caravelas, saveiros, um navio negreiro e um navio hidrográfico!!! Depois da visita, nós almoçamos no Pelourinho, passeamos e voltamos para o barco. Então os Hagge nos convidaram para dormir na casa deles!!! Aceitamos na hora! Mostrei para o Vitor meu barquinho novo e logo nos pusemos a brincar e conversar. Como é bom rever amigos! O jantar foi novamente pizza (excelente!) e o Vitor nos mostrou o livro que ele escreveu: “O Mistério das Palafitas I” (já tem até continuação), que é super bom! Dormir em uma cama fixa no chão novamente foi estranho, mas com o sono que eu estava, logo me acostumei.

 

13/08/2006 – Salvador – Aratu – Pelourinho - CENAB

Levantamos muito cedo para ir para Aratu. Primeiro fomos na Marina Estaleiro Aratu e conhecemos o barco dos Hagge, o Gabushí, um Brasília 32 muito bonito. Enquanto o pai trabalhava com o André, eu, a Carol, o Vitor e o Marcelo brincávamos e conversávamos muito. Passeamos pelo píer e vimos um gigantesco “ferry-boat” caindo aos pedaços, cenário perfeito para um filme de terror... Depois nós fomos conhecer o Aratu Iate Clube, que é bem bonito, mas com absolutamente nada em volta. Nos despedimos no CENAB e fomos almoçar no Pelourinho. O restaurante escolhido foi o Pomerô, onde comemos uma deliciosa carne-de-sol (carne seca) com arroz, purê de aipim com manteiga de garrafa e batata frita (hum...). À noite, demos uma geral no barco e dormimos.

 

14/08/2006 – CENAB - Passeio

De manhã fomos na ANATEL para tirar uma licença para usar o rádio. Quando acabou a burocracia, fomos passear com a Patrícia e a Pilar. Primeiro fomos no Forte de Monte Serrat, muito bonito e bem conservado, de onde vimos o Cisne Branco, nosso velho conhecido. Ainda fomos no Farol de Monte Serrat, bem perto do forte, que tem uma bela vista. O forte também abriga um museu e um tem um canhão que funciona até hoje! Tomamos sorvete e fomos experimentar o acarajé da Cira, fenomenal, também no Rio Vermelho. À noite, fiz o diário e fui dormir cedíssimo.

 

15/08/2006 – CENAB – Cisne Branco - Pelourinho

Que grata surpresa eu tive ao sair do barco e ver o enorme Cisne Branco bem ao lado do CENAB!!! Imediatamente o pai ligou para o Rio de Janeiro para agendar uma visita detalhada ao Navio-Veleiro. Já havíamos visitado-o antes, mas só o convés. Fomos para lá de botinho e subimos nele por uma escada de corda. Fomos recebidos pelo Comandante Puntel e pelo Imediato Coriolo, que foram muito simpáticos e atenciosos conosco. O Cisne Branco é um sensacional navio-veleiro. Tem 249 pés (76 metros) de comprimento, quatro mastros contando o gurupés (mastro que sai da proa do navio em sentido horizontal), sendo que o mastro principal tem 152 pés de altura! Ainda tem 52 tripulantes e é baseado nos “clipers”, navios extremamente rápidos do século XIX! É todo de aço, tem um motor de 1001 HP’s (a motor chega a 11 nós de velocidade) e 32 velas, que o impulsiona a 17 nós e meio!!! Conhecemos boa parte do navio, da sala de máquinas à cozinha, da enfermaria ao refeitório. Ganhamos vários presentes: bonés, camisetas, um livro e até um DVD do navio!!! Nos despedimos e voltamos ao Fandango debaixo de chuva. Conhecemos o Marcelo, um paulista simpaticíssimo, e fomos na Igreja Rosário dos Negros, para ver uma missa diferente: era uma missa católica, só que com instrumentos de Candomblé (tambores, pandeiros, etc.)!!! Foi bem divertido! O jantar foi arroz com lentilha (hum!) e, logo após, fomos conhecer o Salmo 33, do Nelson. O barco é lindo e nós conversamos muito. Voltei para o barco muito cansado e, depois de ler “A Revolução dos Bichos”, dormi.

 

16/08/2006 – CENAB – Forte São Marcelo – Pelourinho

De manhã trabalhamos bastante no barco e logo depois fomos visitar o Forte São Marcelo, que fica bem atrás de nós. O forte é chamado de “O Umbigo da Bahia”, por causa do seu formato redondo. Outra curiosidade é que o forte é praticamente uma ilha, pois foi construído sobre um banco de areia. O forte abriga um excelente museu, com vídeos, simuladores e objetos da época de sua construção até o século XX! São oito salas principais, mas as que eu mais gostei foram: uma sala que tem vídeos sobre naufrágios, outra que tem um simulador de mergulho, uma que fala sobre a cidade e a que apresenta as armas da época, com canhões e balas originais e um simulador de tiro! O forte tem ainda uma belíssima vista da cidade de Salvador e da Baia de Todos os Santos, com um pôr-do-sol de arrasar! Mais à noite, jantamos e a Patrícia nos deu um presentão: o livro “3a. Volta ao Mundo do Veleiro Três Marias”, do famoso navegador Aleixo Belov! Tomamos um sorvete no Pelourinho e voltamos ao barco cansadíssimos.

 

17/08/2006 – CENAB – Cisne Branco

Logo cedo ouve a primeira coincidência do dia: Aleixo Belov estava fazendo uma reportagem aqui no CENAB! Pedimos para ele autografar o livro que ganhamos ontem e demos um dos nossos cartões do “Três no Mundo”. Íamos pegar um ônibus para irmos para a ANATEL, quando aconteceu a segunda coincidência. Encontramos o Carlos, dono de um Brasília 27 S que tem um nome bem legal: “Fandango”! O “Fandango” do Carlos ficava perto do nosso lá em Ilhabela e nós não víamos ele desde 2003, quando ele trouxe o barco para Salvador! Outra coincidência é que o Fandango (o dele) está na marina Aratu, perto do Gabushí dos Hagge! O Carlos nos deu uma carona até a ANATEL, onde arrumamos de vez a tal licença para usar o rádio. Antes disso, ainda havíamos feito outra visita ao Cisne Branco, com a Pilar e a Patrícia, que foi super legal. Desta vez nosso guia foi o simpaticíssimo Sargento Gil, com quem conversamos muito. As cinco da tarde fomos à cerimônia de arriamento da Bandeira Nacional, também à bordo do Cisne Branco. Após a cerimônia houve um coquetel, ainda a bordo, bem animado. A banda do navio deu um show, principalmente quando tocaram o hino da Marinha transformado em jazz! Voltei ao barco cansadíssimo e dormi.

 

18/08/2006 – CENAB – Velejada – Pelourinho

De manhã conhecemos o Artur e sua esposa, do veleiro Pélagos. Eles estavam subindo com o Cruzeiro Costa Leste (que já está em Camamu) e resolveram pular Camamu, pois a baia vai ficar lotada com os barcos do cruzeiro. Conversamos muito sobre nossas respectivas viagens e nos despedimos. Quando a Patrícia e a Pilar chegaram, desatracamos e fomos curtir uma bela velejada, do Farol da Barra à Ponta do Humaitá, curtindo muito o visual e a velejada. Passamos bem perto dos navios parados no porto e, já na volta, fizemos uma sessão de “isca de tubarão” (pendurar-se na escadinha com o barco andando). Logo que atracamos, a Pilar e a Patrícia nos levaram para jantar no restaurante “Cruz do Pascoal”, onde comi um delicioso arrumadinho, purê de aipim e uma excelente carne-de-sol. Depois elas nos levaram de volta no CENAB, onde dormi pesadamente.

 

19/08/2006 – CENAB – Marina Aratu

Bem cedo já houve um probleminha: os nossos foguetes de sinalização estavam vencendo, mas logo resolvemos isso, afinal, tem várias lojas de náutica aqui perto. Depois levantamos as velas e fomos para Aratu. Foi uma bela velejada, com vento constante e em boa direção. Passou por nós um enorme saveiro de içar, que devia ter 50 pés ou mais!!! Chegando na Marina Aratu, apoitamos exatamente ao lado do outro Fandango! Conversamos um pouco com o Carlos e fomos para o Gabushí. Brincamos a noite toda com o Vitor e o Marcelo. Também vimos filmes e o Vitor veio dormir no barco! Conversamos bastante e dormimos pesadamente, depois de acabar de ler o “A Revolução dos Bichos”.

 

20/08/2006 – Marina - Prainha

Acordamos cedo e descemos em terra. Lá nós conversamos muito e voltamos para o Fandango. Levantamos velas e esperamos o Gabushí. Mal saiu da marina, teve um problema no motor e nós tivemos de rebocá-lo até a prainha, na entrada da Baia de Aratu. Ancoramos e brincamos muito na praia, com o Vitor e o Marcelo. Botei meu barquinho novamente para velejar e o almoço foi uma deliciosa carne-de-sol com arroz e farofa, no Gabushí. Brincamos mais ainda e eu construí para o Vitor um catamarã de latinha de cerveja bem legal. Na volta, nos conseguimos velejar (e rápido), rebocando as várias toneladas do Gabushí e bordejando o tempo todo dentro do estreito canal! À noite os Hagge foram embora para Salvador (buáá), jantamos e dormi.

 

21/08/2006 – Aratu - Salvador

Logo que acordamos o pai arrumou alguém para arrumar a retranca, pois essa rachou novamente e por cima da solda!!! Agora nós vamos fazer uma luva externa de aço inox. Desmontamos a retranca e deixamos ela para consertar, indo logo após para Salvador. No caminho, o motor deu umas falhadas estranhas, mas chegamos no CENAB sem maiores complicações. À noite, conhecemos o Reinaldo e a Bernadete, do veleiro Leoa Louca, que nós vimos em Parati!!! Eles são muito simpáticos e tem uma cadelinha chamada Olívia, da mesma raça que a nossa cadelinha Florzinha. Conversamos muito e nós fomos experimentar o “suco de sorvete” de uma sorveteria do Pelourinho, muito bom. Dormi exausto.

 

22/08/2006 – Salvador - Aratu

Acordei bem tarde hoje, mas super bem disposto. De manhã ficamos trabalhando no barco e o pai arrumou o motor, mas à tarde é que veio a boa novidade: o Denis, do programa de TV Bahia Náutica, veio fazer uma entrevista com a gente!!! Ele foi muito simpático e nós saímos para Aratu logo depois. O motor funcionou bem o caminho todo, mas ao entrar no canal de Aratu, voltou a falhar. Fomos assim mesmo para o Aratu Iate Clube, onde pegamos uma boa poita. Que alívio foi chegar e poder desligar o problemático motor! Descemos para conhecer o clube e acabamos vendo, nos cartazes da Aratu-Maragogipe, vários barcos conhecidos que vem para cá: Domani (Parati), Cavalo-Marinho (Parati), Caruanã (Parati) e Flame (dos australianos que conhecemos em Niterói)! Voltando para o barco comemos um belo jantar e dormi.

 

23/08/2006 – Aratu Iate Clube

Entregaram a retranca no barco bem cedo, mas deixamos para montá-la depois. Descemos em terra e eu e a Carol brincamos com os barquinhos na piscina. O vento estava ótimo, embora rondando um pouco. Os barquinhos praticamente voavam de tão rápidos!!! Mesmo assim, houve alguns problemas: uma parte do plástico do cock-pit do meu barco descolou, fazendo com que entrasse água quando ele adernava, e a quilha do da Carol descolou. Ainda vimos os barcos do píer, muito legais. Brincamos na piscina a tarde toda e à noite tomamos um delicioso banho quente, dormindo logo após.

 

24/08/2006 – Aratu Iate Clube

O pai amanheceu mal. Achamos que ele está com gripe. Depois de tomar um remédio, fizemos o café da manhã para ele e ficamos um bom tempo com ele no barco, desenhando, conversando e cuidando dele. Às duas da tarde ele disse que estava melhor e que poderíamos ir brincar. Mesmo assim, não brincamos muito lá e voltamos para o barco para cuidar do pai. Fizemos o almoço também, estudamos e eu acabei o livro de Inglês! Também já havia acabado os livros de História, Ciências e Geografia! Mais tarde jantamos sopa e começamos a ler o livro “3a. Volta ao Mundo do Veleiro Três Marias”, muito bom, antes de dormir.